Ela
queria um amor... Alguém para jantar junto às quartas-feiras; alguém para
dançar aos sábados a noite; alguém que fosse companhia para os dias tediosos de
domingo; alguém simplesmente para tomar sopa nos dias frios. Ela queria alguém... Ela queria amor. Algo dentro dela
pedia amor, pedia cumplicidade. Sentia-se necessitando de alguém para supri-la, achava que essa falta toda, era a falta de alguém do lado, era falta de amor. No entanto, ela era
amante do silêncio e do pensar, sempre tensa, contraída, técnica, sempre com todos os passos
ensaiados. Desejava alguém do lado como uma bolsa, para usar quando quisesse, alguém que não interferisse nem modificasse sua rotina. Alguém que preenchesse suas lacunas emocionais sem ter que
retribuir, sem ter que derreter sua máscara de gelo, sem ter que oferecer nada.
Após seu doutorado resolveu ser funcionária pública, um cargo alto no
judiciário, tudo muito parecido com ela que era puro protocolo até mesmo na
vida pessoal. Seus dias eram preenchidos com mil processos para analisar, muitas
vezes suas noites também... Até que chegou o dia em que seus finais de semana
também, pois na verdade ela não tinha mais nada a fazer a não ser analisar
processos. Ela não sabia fazer outra coisa, não sabia o que era lazer, muito
menos sabia partilhar, compartir. Ficava intrigada por ninguém convidá-la para sair, intrigada por não despertar olhares, sendo que era tão inteligente, dinâmica, raciocínio rápido e até
bonita, corpo bem torneado, tudo no lugar. Vestia as melhores marcas, tinha um
dos mais bem remunerados cargos, era culta, tinha tudo para ser admirada. Isso
a entristecia e muito, a solidão doía cada dia mais. A cada amanhecer sua
existência era ocupada por mais trabalho e pouca vida. Ela necessitava se
sentir amada, desejada, importante para alguém. Após um problema de saúde ela
resolveu mudar, estipular horários para tudo, decidiu se dar algum tipo de
atenção especial... Passou a sorrir mais, a olhar as pessoas verdadeiramente nos olhos e
também passou a verdadeiramente se olhar. Sempre foi superficial com os outros
e também consigo, nunca permitiu se aprofundar nas relações, tampouco se
autoconhecer. Com o tempo, foi prestando mais atenção em si mesma, percebendo
que passou a vida inteira com receio do que os outros pensariam dela, por isso
sempre fez de tudo para ser perfeita, levantou muros existenciais para não se
expor, para se proteger. O que ela esqueceu foi de escutar sua voz interior, de
ver o que de fato a faria feliz. Ela construiu sua vida como se fosse uma
vitrine, composta somente do que era bonito de ver, com o que achava que podia ser visto... E foi deixando seus próprios sentimentos engavetados. Isso a fez perder o
brilho, a fez não ser atraente, a fez não ter encantos. Através do autoconhecimento ela se entregou
inteira à vida e só então encontrou o amor. Ela descobriu que o que une duas pessoas é a
energia, entendeu o significado da expressão “química dos corpos”... Percebeu que relacionamentos são vias de mão dupla, vem e vai, dá e recebe, há que se ceder em algum momento. Para o amor
não importa a condição social, o cargo, muito menos a remuneração... A primeira vista o poder até atrai, mas não é ele que trará a sintonia necessária
para um romance promissor. O amor é magia, não se expressa em cifras, não tem liga com o
vil metal. O amor pode acontecer enquanto caminhamos na rua, enquanto fazemos compras no supermercado, numa ligeira troca de
olhares. É como a brisa que toca a face gentilmente... É como o sol que aquece
espontaneamente. O amor não exige nada, ele acontece e deu, sem burocracia, sem
interesses. As pessoas não podem ser amadas quando nem mesmo se permitem ser
quem de fato são... Se desejas ser amada, sejas tu mesma, sejas o que de fato
és, emane tua própria energia. O amor somente acontece a quem está despido de
articulações, desarmado, despretensioso. Por isso é mais fácil crer nos amores
da juventude, pois quanto mais envelhecemos mais somos racionais... Na juventude
somos como água, nos deixamos fluir naturalmente. O amor não pode ser
racionalizado somente sentido... O amor não
exige perfeição, exige autenticidade. Quem ama sabe... É o cheiro, a textura da
pele, o aconchego dos braços, tudo é único no ser amado. O amor é simples, é
leve, sem segundas intenções... Possui um único decreto, AMAR!
Lu Scheffelbain
Todas as reproduções, parciais ou na íntegra, devem fazer referência
Que lindo texto, parabéns amiga,consegui me identificar nessas escritas,bem no final,pois foi como eu senti em toda a minha vida, um amor de adolescente,sem passado e nem medo do futuro, só o amor importou e importa!
ResponderExcluirAbraços e beijos em seu coração!
Ivone
Oi Lu Z...........sempre fico felix quando vc me visita.
ResponderExcluirSeu texto...perfeito!
Esta semana fui no Brahma Kumaris. Fiquei com vontade de ir, quando vi ja estava
em frente. Foi muito bom sentir aquela energia...estava precisando...
Quanto ao olho grego em ceramica, estou com um no pescoço que ganhei da Pris.,
minha amiga.
Tenho dois aqui..criados por ela...vou te enviar um de presente.
Me envie teu endereço por email ok? mdfbf@uol.com.br
Bjinho Amada...
Minha querida,
ResponderExcluirQue texto MARAVILHOSO!!!!
Dissestes TUDO!!!!
Para compartilharmos qualquer sentimento (amor ou amizade), tudo tem que fluir naturalmente.
A pessoa que é Feliz e leva a vida de forma leve e alegre, emanará em sua aura uma egrégora de muita Luz, Paz, Amor e Aconchego.....aonde todos sentirão cada vez mais vontade de ficar perto, em profunda união de energias que se complementam.
Se nos fecharmos para a vida, ela se fechará para nós.
Receber tudo e todos de forma conciente e aberta, só nos fará bem.....pois quanto mais existir as trocas e as vivências, mais avançaremos em nossa evolução!
Parabéns, belíssimo texto!
Beijos em seu coração!!!
De Lú pra Lu