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Lídia Brondi, Ana Paula Arósio, Greta Garbo... Optar pela paz é doença?





As atrizes Lídia Brondi e Ana Paula Arósio, vez ou outra, são assunto em programas de televisão e demais mídias. Há sempre uma especulação do por que de ambas terem abandonado os holofotes no auge de suas carreiras para viverem no anonimato. Greta Garbo, mito de Hollywood teve o mesmo comportamento, abandonou tudo e ganhou inclusive, uma síndrome com seu nome. Assim, Lídia e Ana Paula, como outras tantas pessoas, ao decidirem se afastar de suas profissões e até dos círculos familiares e de amizade, são vistas como vítimas da Síndrome de Greta Garbo.

Então me pego a pensar, o porquê de tantos questionamentos sobre opção de vida?  Ana Paula Arósio decidiu morar no campo com seu marido, Lídia Brondi clinicar como psicóloga... E daí? O que há de mal nisso? Sinceramente, penso que tais discussões a respeito da vida, ou melhor, estilo de vida de quem quer que seja, é sem dúvida alguma, um direito que não cabe a ninguém. Será que os meios de comunicação que levantam tais questões não possuem pautas de sobra para delegarem a seus repórteres?

Obvio, é muito mais fácil nos padronizarmos, nos comportarmos dentro dos moldes esperados, afinal, ser previsível não causa problemas. Conheço muitas pessoas que vivem como que ligadas no automático, convivendo em grupos que não se identificam em nada, indo a eventos que não lhes causam prazer algum, tudo em nome do “social”. No entanto, preferir fazer “social” a ter que enfrentar as críticas é a meu ver, uma escolha nada inteligente. Ir a lugares apenas para “bater cartão”, cumprir obrigação, se fazer presente apenas para não ser “mal visto”? Ah, impossível suportar, isso não é vida é escravidão!

Vejamos o caso das “Irmãs Carmelitas”, irmandade cristã, moças que decidiram viver enclausuradas em convento. Não penso que elas vivam dessa maneira por desejarem viver em oração para a paz mundial ou seja lá qual o propósito que digam ter. Penso que elas estejam lá porque não suportam o convívio em sociedade, não suportam hipocrisia. Desde menina sempre acreditei nisso, que as Irmãs Carmelitas vivem isoladas do mundo porque optaram pela paz para si.  

Como bem diz o filósofo, escritor e crítico francês, Sartre: “O inferno são os outros”! Quantas pessoas não se sentem sufocadas em seus ambientes de trabalho e até mesmo em família? Será que é preciso ter algum problema psicológico, alguma síndrome para almejar viver em paz? Não é porque uma pessoa nasceu e cresceu numa família que ela terá que pensar, agir e ser como os membros da mesma. Sobrenome, laços sanguíneos e até mesmo o estrelato como no caso de Ana Paula, Lídia Brondi e Greta Garbo, não devem ser empecilhos para as pessoas buscarem a felicidade. Greta Garbo nunca disse "eu quero ficar sozinha", ela disse "eu quero ser deixada em paz". Existe toda uma diferença. Pedir para ser deixada em paz é reivindicar poder viver do jeito que quiser, poder conviver com quem quiser, sem essa de “ter que”, ter que isso, ter que aquilo... Poder viver sem pressão, sem cobranças, enfim, sem “encheção de saco”.

Mudar de profissão, se afastar de pessoas, não significa necessariamente reclusão. Muitas pessoas nascem e crescem em grupos que não se identificam em nada, assim também ocorre na hora da escolha de uma profissão. Oportunidades surgem, a pessoa começa a exercer o ofício e de repente percebe que não é aquilo que deseja para sua vida. Então, o que me faz refletir a respeito não é o comportamento de quem opta por mudanças e sim, o comportamento de quem se acha no direito de questioná-las. 

Cada pessoa possui uma alma e cada alma suas necessidades, sendo assim, é inaceitável questionar as escolhas de quem quer que seja. Algumas pessoas têm a coragem de pegar as rédeas de suas vidas para viverem como melhor lhe parece, sem a escravidão de moldes, padronizações, comportamento pré-determinado pelos antepassados. Elas se permitem, se dão alforria de tudo, inclusive, das convenções impostas. Algumas pessoas têm coragem de cortar ciclos e por isso, com certeza, não são as filhas que suas mães sonhavam, não são companheiras para os eventos familiares, festas e funerais. Algumas pessoas cortam ciclos, não sabem dissimular, não sabem usar máscaras, não são dadas a relações protocolares, gostam de conviver apenas com quem sentem verdadeira afinidade. Muitos as denominam como antissociais, outros como esnobes e há quem as chame de depressivas. Contudo, tais pessoas estão convictas que conduzem suas vidas da melhor forma possível, que tiveram rara audácia, pois são conscientes que rupturas vez em quando são necessárias, que para obterem a tão sonhada plenitude têm que ouvir a alma e não os outros.



Lu Scheffelbain

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