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Minha filha, minha vida







Vovô (meu sogro) convidou Maria para viajar, ficar uma semana no litoral Sul do RS, ela pulou de alegria, pois adora a companhia do vovô e de sua família. Primeiramente “pirei”, aquilo foi como se eu fosse sentar e puxassem a cadeira, sério, como se eu tivesse caído de costas. Dei um show básico: 

- Como assim minha filha ficar longe de mim uma semana inteira? Fabrício, são muitos dias longe da gente, ela vai chorar, ela é muito pequena e recém voltamos da praia, pra quê ela ir de novo?


O Fabrício na maior tranqüilidade tentava acalmar meu estado, minutos de desequilíbrio total, após muito blá blá blá caí no choro! Gente, Maria está sempre conosco, no máximo um final de semana longe, quando eu escutei “1 semana” foi um baque gigantesco. Ela já foi para o Uruguai com o vovô, desde o início do ano passado ela até passa alguns finais de semana na casa do vovô, mas uma semana soou pesado nos meus ouvidos. Enquanto eu chorava para Maria ficar, Maria chorava pedindo pra ir. O olhar do Fabrício me fazia ver o quanto eu estava agindo de forma errada, o quanto eu estava sendo egoísta e suas palavras em voz serena tentavam me mostrar que aquele meu comportamento não se fazia necessário. Ele ainda me disse que se eu não permitisse ela não iria, mas que impedi-la seria uma bobagem.
   

Maria adora o vovô, o tio adolescente e também a esposa do vovô, que ela adotou como avó. Todos são super amáveis e atenciosos com minha filha, cuidam dela com muito carinho, mas eu gosto dela nos meus olhos, do meu lado, pertinho. Sei que tenho que trabalhar isso em mim, sei que criamos filhos para o mundo, mas isso é perfeito na teoria, porque na prática, a pequena criatura pertence a gente e deu, pelo menos dentro da gente temos essa sensação!


Sensação horrorosa, sim, eu sei que é... Tanto sei que abri a guarda, permiti que ela fosse, achei descabido o meu surto! E hoje, mais ou menos dez dias após o convite do vovô, acabei de fazer a mochila de minha Maria porque daqui a algumas horas o vovô vem buscá-la. Ela está feliz da vida e seu sorriso me faz ficar feliz da vida também, mas... 

Eu sei, a vida é assim, hoje ela tem oito anos e apenas quer ir para a praia com o vovô, a vovó e o tio, daqui um tempo, ela vai crescer e fará mil viagens de estudo ou passeios, enfim, eu sei que ela não será “meu bebê” para sempre, já não o é... Eu sei, sei de tudo isso, mas mesmo sabendo, algo dentro de mim dói. Minha filha nem saiu de casa ainda e já estou aqui, com os olhos em lagrimas, já estou sentindo saudade. 

Sei que é um privilegio ter um avô amoroso, poder conviver com ele e no futuro lembrar deste convívio, de momentos legais, de passeios, enfim... Coisas estas que eu gostaria de ter tido e não tive. Sendo que meu avô paterno morreu antes do meu nascimento e o avô materno, lembro apenas de flashes, ele muito doente, as pessoas em volta cuidando e eu criança não ficando muito perto. Maria joga tênis com o vovô, o vovô sempre jogou tênis e a incentiva para esse esporte... O vovô gosta de MacDonald’s tanto quanto ela, o vovô é professor na UFSM e ela entusiasmada disse que vai estudar na universidade do vovô, enfim, ela ama e admira o vovô e eles têm uma relação linda... O vovô é tão legal que até eu queria que ele fosse meu vovô! hehehe 

Então eu, mãe portadora de uma possessividade absurda, devo sim ficar feliz que minha filha está muito bem cuidada, tendo momentos únicos com familiares que a amam e que isso será ótimo para a construção de seus valores, da pessoa que ela será, afinal, família é um tipo de referência, mas...


Gente, eu luto para ser uma pessoa melhor a cada dia e no quesito mãe, óbvio que também quero ser. Como não existe um curso de como ser mãe, conforme as coisas vão acontecendo a gente vai indo, vai aprendendo no dia a dia. A maternidade é a coisa mais fascinante que há, mas vez em quando também é a mais assustadora, pois não queremos errar em nada e isso muitas vezes causa aflição. 

Sempre joguei limpo com minha Maria, apesar dela ser uma menina e como todas viver num mundo cor de rosa, cheio de brinquedos e livros de contos de fadas, eu a faço conhecer a realidade, não encubro nada. Talvez por isso ela, mesmo nos seus poucos anos, já tenha uma personalidade independente. Eu vejo, percebo que estou no caminho certo, educando muito bem minha filha, a orientando para a vida, não para ser dependente de mim... Meu lado egoísta grita, mas meu lado humano aplaude. 

Eu sou filha caçula e quando pequena não desgrudava de minha mãe, talvez inconscientemente desejasse que minha Maria fosse assim e isso faz com que eu me sinta uma monstra, pois vai contra o que acredito, que uma alma só pode ser feliz estando livre. Ano retrasado ela fez sua primeira viagem sozinha, foi para outra cidade numa competição do time de vôlei a qual faz parte da equipe. Eu e outra mãe louca, ficamos todo tempo no msn, quando uma conseguia falar com os professores avisava a outra. E ficamos no msn não somente para a troca de notícias, mas para uma dar força para a outra, eu e a tal mãe, insuportáveis, horrorosas. Estava tão inquieta que nem eu me aguentava, a outra mãe na mesma vibração, éramos a "dupla do pavor". O amor é gigante e não quero sufocar, mas como encontrar um meio termo?  

Beijão a todos vocês que me leem, que me visitam, enfim, vocês que dão uma passadinha aqui para conferir minhas postagens. Talvez algum de vocês, mãe ou pai, já tenha sentido algo semelhante, sentido que seu filho(a) irá crescer ou que já cresceu e não tem jeito, ele(a) vai TOMAR POSSE DE SI MESMO... E apesar de nosso lado egoísta pedir o contrário, temos sim que dar Graças a Deus por isso... Por terem se tornado seres humanos emocionalmente saudáveis, inteiros, plenos!


Por fim, me sinto orgulhosa de mim, estou evoluindo, trabalhando apego/desapego, assimilando melhor o significado do amor...  E também orgulhosa pela minha filha, por ela ainda ser tão pequenina e já demonstrar segurança em si mesma, determinação, enfim, estou certa que ela será uma pessoa linda, conduzirá sua existência com responsabilidade, amor e zelo... E será muito feliz!

MAS... NÃO HÁ COMO NEGAR, GOSTARIA QUE MINHA MARIA FICASSE NA BARRA DA MINHA SAIA PARA SEMPRE, TODO TEMPO... ESSA PRÓXIMA SEMANA SERÁ UM PERÍODO DE GRANDE APRENDIZADO!


By Lu Scheffelbain


Todas as reproduções, parciais ou na íntegra, devem fazer referência 
ao nome da autora Lu Scheffelbain  e ao blog http://eulunaluz.blogspot.com/




4 comentários:

  1. Com certeza essa será uma semana de aprendizado!
    Li tudo minha amiga Lu,fiquei feliz que tenhas deixado a Maria Eduarda viajar,pois meu pai nunca me deixou sair por zelo demais e eu o "odiava por isso"!
    Cresci "desapegada" de tudo, pois o que mais queria na vida era ser livre e criei meus filhos com liberdade, mesmo que com cuidados, mas com liberdade, hoje são adultos felizes!!!
    A Maria Eduarda com essa sua atitude vai ser muito grata a você, pois ela vai "ser livre" e ainda te amar cada vez mais!!!
    Amei essa postagem, você "se abriu" com consciência, pois sei que precisavas escrever assim, eu adoro isso, poder escrever tudo o que vai dentro da gente, é muito bom!!!
    Abraços minha linda e amada amiga!
    Bom passeio para a Eduarda!
    Beijos em seu coração e parabéns, és mesmo uma pessoa firme, te amo!
    Ivone

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  2. Ivone, amiga mais que querida! No primeiro momento fiquei perturbada ao imaginar Maria longe de mim, mas posteriormente vi que não tinha direito de privá-la e nem por quê. Reconheço que sou possessiva e estou trabalhando isso em mim. Ontem falamos com ela no almoço, ela feliz da vida disse que estava almoçando peixinho, um de seus alimentos preferidos... A noite também falamos com ela, estava passeando por lá... E eu imbecil disse para o Fabrício que devíamos falar rapidinho com ela, pois talvez ela chorasse, batesse uma saudade grande de nós, enfim... Mas que nada, a guriazinha está bem faceira, feliz da vida de verdade! Saudade somos nós que sentimos, ela tá nem aí... To me sentindo rejeitada, mãe neurótica é assim! rsrsrs hehehe Brincadeira, agora estou bem, despertei da ignorância! Bjus bjus bjus pra ti, amiga linda e amada!

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  3. Ah, minha linda!!! Não fique se sentindo rejeitada não, rsrs, a Sabrina quando eu a "podo" de alguma coisa ela me diz"-vai vó pra sua casa na praia e nem volte",rsrs, pois é, elas estão "descobrindo o mundo" aos poucos e isso é muito bom mesmo, mas ao voltar você vai ver, seu colo será o que mais a vai fazer se sentir feliz da vida, podes crer!!!
    Amiga, que bom que ela está se divertindo, assim você, mesmo com saudade vai se sentir muito bem!!!
    Como escrevi ao responder seu e-mail, a Daniela adoraria se a Sabrina a deixasse por uns dias, rsrs, pois é, a vida é mesmo assim!!!
    Abraços
    Ivone

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  4. Ivone, sei bem o que a Daniela sente... Lembro-me quando Maria era pequena, vez em quando eu me sentia sufocada, sentia necessidade de um momento só para mim, era como se eu não pudesse respirar, mas quando ela não estava perto de mim, quando ia para a casa de minha mãe, eu entristecia, me sentia vazia, achava insuportável ela passar uma tarde que fosse longe de mim. Entenda, né? É um amor louco, a gente necessita de folga da maternidade, mas se consegue essa folga a gente fica no chão, com uma saudade que dói! Beijão pra ti e hoje mando um especial à Daniela e à Sabrina!

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